terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Real ficção

Poucas são as coisas que se salvam, atualmente, na televisão brasileira. Ainda mais quando falamos de televisão aberta. A popular. De muitos e muitos brasileiros. O problema é que, além de ter raro conteúdo que preste, ainda se produz 'mentiras' para fazer as pessoas acreditarem em algo que acontece com uma pessoa em um bilhão.

Isso tem acontecido demais. Se deixassem as histórias de 'conto de fadas' apenas para novelas e seriados, seria uma coisa, mas há uma forte tendência a falar pro povo: 'olha, isso acontece na vida real'. Ultimamente, o Fantástico tem sido especialista e carro-chefe nesse quesito.

Quando o programa tinha o quadro 'Retrato falado', com a Denise Fraga, tudo bem. Eram situações do cotidiano, divertidas, que podem acontecer com qualquer um. Mas a história do rapaz do metrô que decide pedir o telefone para uma garota e seis meses depois está casado com ela é forçar a barra.

Eles retratam aquilo, de tal forma, pra aquela adolescente tola ficar pensando: 'será que um dia acontece comigo?'. Ou então, faz aquele cara, que tá de olho naquela gata com quem ele pega ônibus todo dia, pensar: 'amanhã eu chego nela.'

Não! Para com isso! Aquil ali é uma exceção! Algo que foge a regra! Não vai pensar que você vai encontrar seu príncipe encantado na baldeação da linha azul pra linha verde, no metrô Paraíso! Não vai com aquela cara de 'hoje eu SE consagro' chegar naquela garota linda, só porque viu a porra de uma história que deu certo entre outras 1 milhão que deram errado!

Se você, mulher, ficar esperando o homem da sua vida cair do céu, a única coisa que vai acontecer é que você vai ficar velha. Velha, com a idade te derrubando e solteirona. Assim, como se você, homem, for dar uma de 'Romeu da CPTM', só vai aumentar a sua lista de tocos.

Então, quando você assistir outra histórinha pra boi dormir, de gente que encontrou o amor da sua vida da forma mais improvável do mundo, veja apenas como: 'nossa, que diferente'. No máximo, isso. Não se espelha nisso para coordenar a sua vida.

Se essa matéria fosse feita com um casal de velhinhos de 85 anos, que se conheceram no bonde que ia do centro de Santos até a avenida Ana Costa (nem sei se existia essa linha), era uma coisa. Agora, com duas pessoas que casaram há consideralvemente pouco tempo e falar 'que história de amor linda' é demais. É forçar muito a barra no sentimentalismo.

Portanto, vai viver sua vida. Deixa a televisão como mero entretenimento. Conviva com diversas pessoas. Mas, cuidado com quem você passa seu número de telefone durante uma viagem de transporte público. Você pode encontrar com a sua alma gêmea como também pode encontrar um sequestrador, uma golpista, uma louca da cabeça. Vai saber.


"Ana se siente bien
 se maquilla la piel
 y se prepara para su novela
 fabrica una ficcion
 con la television
 y finge no estar sola"
(Inmigrantes - Una Chica De Ayer)


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